O novo abismo digital; Medo do desemprego pela IA?; Os vídeos racistas do Google; Bets engolem YouTube e WhatsApp

Abismo digital é o termo usado para descrever a desigualdade entre os países na capacidade de desenvolver inteligência artificial. Hoje, 32 nações concentram praticamente toda a infraestrutura computacional do planeta. Nesse episódio do Deu Tilt, o podcast para humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz discutem um estudo da Universidade de Oxford que aponta que a segunda onda de investimentos em IA pode agravar esse abismo, com as Big Techs injetando US$ 320 bilhões em infraestrutura somente em 2025. Diante desse panorama, surge uma pergunta crucial: vale a pena investir recursos públicos para sustentar uma infraestrutura dominada por outros países? O debate se conecta diretamente ao Plano Nacional de Data Centers, que prevê renúncias fiscais para atrair investimentos no setor. A questão é: quem se beneficia dessa política? E como garantir que ela contribua para a soberania digital brasileira?
A nova edição da pesquisa global da Ipsos sobre a presença da tecnologia na vida das pessoas trouxe uma mudança interessante: os brasileiros estão cada vez menos assustados com a inteligência artificial. A edição de 2025 do estudo indica que, apesar de uma queda no otimismo, o medo da IA também está diminuindo. Realizado desde 2023, o estudo deste ano trouxe dados interessantes sobre a relação dos habitantes de 30 países com as ferramentas. No Brasil, parece que o contato mais frequente com as ferramentas ajudou a quebrar parte da sensação de ameaça sentida em anos anteriores. Um bom exemplo disso aparece na preocupação com o mercado de trabalho: a quantidade de brasileiros que temem perder o emprego para a IA caiu de 57%, em 2024, para 43%. Ou seja: o hype baixou, o susto também. Com a IA fazendo cada vez mais parte da rotina, o olhar sobre ela está ficando mais realista.
A MediaMatters revelou que o TikTok vem sendo invadido por vídeos racistas e antissemitas gerados com o Veo 3, a nova ferramenta de inteligência artificial do Google que produz vídeos hiper-realistas. Muitos desses conteúdos carregam a própria marca d’água do Veo 3, o que escancara a fragilidade dos filtros que deveriam impedir esse tipo de produção — tanto por parte da IA quanto da plataforma que os distribui. Mesmo com as promessas das empresas de que existem barreiras para conter abusos, os “guard rails” claramente não estão dando conta do recado. E isso levanta duas questões urgentes: como essas ferramentas geram conteúdos discriminatórios tão facilmente? E por que o TikTok permite que eles circulem? O cenário expõe não só os limites técnicos dessas IAs, mas também a necessidade urgente de regulações que responsabilizem as big techs pelo conteúdo criado e veiculado por seus usuários.
As bets ocupam hoje o segundo lugar em número de acessos a sites no Brasil, perdendo apenas para o Google. É o que mostra uma pesquisa da SimilarWeb, que levou em conta as 193 bets legalizadas no país. Entre janeiro e maio deste ano, o número de acessos pulou de 55 para 68 milhões. Vale ressaltar que 67,8% desses acessos são feitos de forma direta, o que mostra que as bets conseguiram pregar suas marcas (e seus sites) nas cabeças dos brasileiros, às custas de muitos contratos publicitários com influenciadores e jogadores de futebol. A fidelização do público deve aumentar a partir da liberação do Google que as Bets disponibilizam seus aplicativos no Google Play.
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