Cafezinho 321 – Motivo

Cecília Meirelles tem um poema maravilhoso chamado... Motivo. Ele diz assim, ó:
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Esse poema foi musicado por Raimundo Fagner e fez parte da trilha sonora da minha juventude. Cecília nos lembra da importância de viver aqui e agora, da vida que é passageira, das bobagens que consomem nosso tempo de vida e se vão com vento. E acena com a liberdade do poeta, da dúvida, do não sei. E da certeza de que um dia tudo acaba.
Eu trouxe esse poema para este momento porque a única forma de permanecer são em meio à loucura destes dias de pandemia, de ânimos políticos exacerbados, de agressividade e da cultura do confronto, é recorrer aos poetas.
Só eles podem explicar o mundo.
Ou não.
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